Nas últimas semanas, o cometa interestelar 3I/Atlas se tornou alvo de especulações que movimentaram tanto a comunidade científica quanto o público interessado em mistérios espaciais.
A razão para tamanha repercussão foi a sugestão feita pelo astrofísico de Harvard, Avi Loeb, que levantou a possibilidade de o objeto não ser apenas um corpo natural, mas sim uma sonda alienígena artificial enviada por uma civilização avançada.
A hipótese ousada de Loeb ganhou manchetes internacionais, pois colocava em pauta novamente a discussão sobre vida extraterrestre inteligente, algo que o próprio pesquisador já havia feito anos antes ao comentar sobre o objeto interestelar ʻOumuamua.
Porém, desta vez, a NASA interveio rapidamente para esclarecer as dúvidas e minimizar qualquer associação entre o 3I/Atlas e uma origem artificial.
O que motivou a especulação?
Avi Loeb apresentou alguns pontos que, em sua análise, seriam suficientes para levantar suspeitas:
O trajeto aparentemente direto do objeto ao atravessar o sistema solar interno.
A luminosidade incomum, que em determinados registros parece indicar emissão própria de luz.
A possível ausência de cauda cometária, algo que fugiria do padrão tradicional de corpos similares.
Em uma de suas declarações, Loeb chegou a escrever que, se fosse comprovada a inexistência da cauda, seria inevitável considerar que o objeto poderia ter sido deliberadamente enviado em direção ao Sol e, consequentemente, à Terra.
Para ele, as implicações de tal descoberta seriam imensas, inclusive levantando a hipótese de uma necessidade de defesa planetária — ainda que, como o próprio pesquisador admitiu, medidas desse tipo poderiam ser ineficazes diante de uma civilização tão avançada.
A resposta da NASA: evidências apontam para um cometa comum
A NASA, por outro lado, conduziu análises detalhadas sobre a natureza do 3I/Atlas. Após cruzar os dados coletados em diferentes observatórios, os especialistas chegaram à conclusão de que não há qualquer indício de artificialidade no objeto.
De acordo com Tom Statler, cientista da agência espacial, os sinais são claros:
“Ele parece um cometa, se comporta como um cometa e compartilha quase todas as características dos cometas já conhecidos. Há algumas diferenças sutis em relação aos cometas que orbitam o Sol, mas nada que justifique classificá-lo como algo não natural.”
As medições indicam que o 3I/Atlas tem até 5,6 km de diâmetro e viaja a uma velocidade de 209.000 km/h, valores totalmente compatíveis com corpos gelados de origem interestelar.
Para os cientistas, a trajetória direta não é prova de interferência artificial, mas sim uma consequência de sua origem distante e de sua interação gravitacional com os planetas do sistema solar.
A explicação para o brilho anômalo
Uma das questões que mais intrigou o público foi a variação de brilho observada no 3I/Atlas. Enquanto os defensores da hipótese alienígena enxergaram nisso uma evidência de comportamento artificial, a NASA ressaltou que esse fenômeno é rotineiro em cometas.
Segundo Statler, a composição dos cometas — uma mistura de poeira, rochas e gelo — os torna altamente instáveis quando expostos ao calor do Sol. Conforme o gelo derrete ou sublima, bolsões internos podem liberar grandes quantidades de poeira e gás de forma repentina, o que gera explosões de luminosidade.
“Esse tipo de surto de brilho já foi registrado diversas vezes em cometas do próprio sistema solar. Portanto, não há nada que fuja do esperado em relação ao 3I/Atlas”, explicou.
Por que o 3I/Atlas chama tanta atenção?
O fascínio em torno do 3I/Atlas não é por acaso. Ele é apenas o terceiro objeto interestelar confirmado a atravessar o sistema solar, sucedendo o misterioso ʻOumuamua (2017) e o cometa 2I/Borisov (2019).
Cada novo visitante interestelar representa uma oportunidade científica única de estudar fragmentos vindos de outras regiões da galáxia.
A combinação entre raridade, comportamento incomum e a natural curiosidade humana pelo desconhecido cria o ambiente perfeito para especulações e debates.
Embora as evidências científicas até agora sejam sólidas em indicar a natureza cometária, a discussão sobre uma possível origem artificial dificilmente deixará de existir, especialmente entre os entusiastas da ufologia.
A controvérsia em torno do cometa 3I/Atlas ilustra como a ciência e a imaginação caminham lado a lado quando se trata de fenômenos cósmicos.
Enquanto Avi Loeb continua a provocar debates ao defender hipóteses ousadas sobre sondas alienígenas, a NASA reafirma que todos os dados observados até o momento confirmam a origem natural do objeto.
Ainda assim, o monitoramento do 3I/Atlas seguirá em andamento, já que estudar corpos interestelares é fundamental para ampliar o conhecimento sobre a diversidade de materiais que compõem o universo.
Sejam eles fragmentos naturais ou, em algum futuro improvável, estruturas artificiais, cada visitante interestelar é uma peça do grande quebra-cabeça cósmico que a humanidade tenta decifrar.
Fonte: infocusnews